“Queres levar um estalo?”

No outro dia estava eu na fila de uma cadeia de restauração num centro comercial quando me deparei com uma história infeliz, protagonizada por um indivíduo ainda mais infeliz.

Chega a vez da pessoa à minha frente ser atendida e começo a olhar para os menus para escolher e inevitavelmente ouvi a conversa entre o indivíduo e o funcionário.

O funcionário educadíssimo e sorridente a perguntar o que deseja, o indivíduo que se apresentava com um fato e gravata do pai dele (porque era uns 2 ou 3 números a cima) nem olhava para o empregado e lá respondia com um ar de desprezo que só visto. O funcionário ia explicando que se ele pedia o menu x, não podia incluir os ingredientes y. E o betinho, que nos anos que deve ter andado a estudar numa universidade privada paga pelos avós, não lhe devem ter ensinado a ler, continuava a bater na mesma tecla, mas já com o tom de voz mais elevado e o ar de arrogante ainda mais acentuado.

(e eu ao lado a ferver).

Bom… continuando…

Atão mas se o menu não leva imperial, eu pago à parte, também não há de ser uma fortuna!” Diz aquele estropício, a mexer no relógio dourado (quase de ouro, mas falta o quase) que nem deve fazer ideia do valor do ordenado mínimo, quanto mais se uma imperial é cara ou não!

Com certeza. Deseja mais alguma coisa?” Responde o empregado sempre com o mesmo ar.

Eh pá aqui não há assim mais nada que me interesse!”(diz o infeliz)

“Com certeza.” E o empregado parecia que estava embalsamado, mantinha o mesmo ar feliz.

“Deseja colocar número de contribuinte?” (continua com ar feliz, acho que cada vez mais feliz por perceber que se ia livrar daquele energúmeno).

“Não para quê?!” (pronto! está tudo dito!)

Então o menino com aquela voz de marina de Cascais nasalado como se sofresse de sinusite crónica, com fatucho do paizinho, que deve estar provavelmente a estagiar em alguma consultora (a fazer nem ele sabe o quê) de um amigo da mãe, depois de passar 7 anos a tentar virar “doutor” em alguma privada paga pelos avós, não tem aquilo que não se compra nem veste:

Educação e respeito.

Já a mim só me passava em rodapé: “Queres levar um estalo?” ou então para que ele entendesse: “Olhe lá, quer levar um tabefe?”

 

2 Replies to ““Queres levar um estalo?””

  1. O que não falta por aí é gentinha dessa, a sua superioridade é notória mas na negativa. Beijinhos minha querida Amélia.
    P.S muitas saudadessssss tuas 🙂

    1. Beijinhos também!
      Muitas saudadesssssss! (temos que ir ao nosso café brevemente!)

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Maria Amélia ícone
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