Eu descobri o poder da minha mente quando estava doente.
Descobri que a mente controla tudo (ou quase tudo) e que temos nas nossas mãos escolher como usá-la.
Descobri ainda que temos uma força brutal que na maioria das vezes não a usamos, ou porque desconhecemos que a temos ou porque achamos sempre que o universo tem que nos resolver a vida.
Eu prefiro não deixar a minha vida (ou destino) nas mãos do alheio e faço por mim.
Criei a minha própria caixa de ferramentas interior e uso-me dela para me ajudar a ter uma vida mais descomplicada e fluida.
E foi numa dessas buscas que descobri a palavra: Ressignificar
Para quem está dentro do mundo do PNL (Programação Neurolinguística) e do Coach já ouviu falar muitas vezes no dom de ressignificar.
De uma forma simples, ressignificar é um método utilizado que consiste em atribuir um novo significado a uma situação, através da mudança de visão a respeito do mesmo.
Parece simples não é? Mas é um exercício que nem sempre é fácil, porque passamos uma vida inteira com as mesmas crenças e “verdades” e sair daquela rodinha do hamster que andamos sempre a correr é um salto dificil.
Quando tudo corre bem é uma maravilha, mas o pior, é quando corre mal e ficamos frustrados e desiludidos.
É aqui que entra a ressignificação.
Temos que dar um novo significado às situações.
Por exemplo:
Tenho um amigo meu que por motivos profissionais do Pai, passava 2 anos em cada País, foi assim até ele ter 18 anos.
Antes ele queixava-se muito por não ter conseguido fazer amigos, afirmar relações, ter estabilidade, ter cão, ter e manter namorada, passar a vida a empacotar a vida, a dizer adeus e passar por muitos períodos difíceis de adaptação.
Eu sentia que ele sofria muito por isso, mesmo hoje estando há alguns anos no mesmo sítio, mas aquela ferida do passado estava lá, inclusivamente é a chave de muitos problemas de relacionamento que vivia nos dias de hoje.
Então como tinha lido um caso muito parecido, pedi-lhe para fazer um exercício.
Para ressignificar. Pedi-lhe que fizesse isso durante um mês.
“Escreve todos os dias num bloco uma coisa boa que essa constante mudança de casa te trouxe para a vida.”
Claro que ao fim de 15 dias fizemos uma noitada de Skype a falar sobre momentos muito giros que ele tinha vivido na Argentina, no Japão, na Noruega e afins. Claro que percebeu que andou durante muitos anos a focar-se no que lhe dava dor e no que ele não conseguia mudar. Era assim a vida dele, era assim a vida da família dele, é certo que ele não escolheu isso para ele, mas tinha partes boas e partes menos boas. Aceitar. Aceitar. Aceitar.
E agora era dar novo significado a esses 18 anos e perceber que ainda hoje a vida dele é muito influenciada (positivamente) pela vida que teve, mesmo não sendo a que ele escolheu. Não estaria sozinho no fim do mundo se não tivesse essa liberdade, coragem e capacidade de adaptação que ganhou em pequeno.
E eu não considero que isto seja uma forma de negação é apenas dar mais valor à parte boa do que à má, até se quiserem, é uma forma libertadora de pensar.
Quantas vezes já vos aconteceu estarem a comer uma maçã e ela ter uma parte podre? O que fazem? Essa parte não comem e o resto comem.
É exactamente a mesma coisa, valorizar o lado bom das situações.
Se chove num fim-de-semana as redes sociais são invadidas com recados agressivos a São Pedro, com frases como:
“Passei a semana toda a trabalhar e logo hoje chove…”
Primeiro não é só nesse dia que chove e nem São Pedro está contra ninguém.
E depois há tantas coias que se podem fazer quando chove, porque perder tempo a minar a cabeça com significados pré-definidos?
Toca a ressignificar e fazer uma sessão de cinema e pipocas em casa, ir a um concerto, teatro, shopping, correr à chuva, fazer uma maratona de bolos de caneca com as amigas, ir ao spa… tanta coisa que se pode fazer em dias de chuva.
Eu sei que contrariar o que já “vive” dentro de nós há tanto tempo é difícil, mas é um exercício como qualquer outro. É preciso praticar e insistir. É preciso sobretudo acreditar que temos a capacidade de escolher activamente a nossa reação perante as situações. Que temos a obrigação de nos poupar a arrependimentos, frustrações, ressentimentos e dor.
É a nossa obrigação.
Nunca se esqueçam que para cada situação há sempre varias alternativas, e temos sempre que fugir à tendência comum de sermos vitimas das circunstâncias.
Espero que tenham gostado deste texto, eu adoro estes temas mais de coach porque estudo muito sobre eles e é um tema que me fascina bastante! 🙂
Créditos da fotografia: Miguel Constantin Montes
E porque nada acontece por acaso, este maravilho e verdadeiro texto chegou no dia certo ??
Que bom maravilhosa Inês! <3