“Estou? Estou? Mãe? Estou-te a ouvir mal. Ligo-te logo.”
Elsa sabia que chamada telefónica era esta.
A data aproxima-se e as aparências são precisas manter, quase como se fosse um protocolo obrigatório de cumprir.
Depois de três dias a mandar mensagens a desculpar-se de ainda não ter ligado, lá ligou.
“Já sabes na noite 24 Dezembro jantas cá em casa. Vem a tua irmã, com os meninos e o Mário.”
Mais do mesmo…
Mais um jantar de família onde ninguém se ama de verdade…
Onde ninguém quer saber um dos outros…
Onde ninguém se visita ao longo do ano mesmo morando perto…
Onde os temas são tratados como se fossem uns estranhos…
Onde o desejo é que as horas passem rápido para que as máscaras não caiam…
Onde as indirectas são uma constante…
E assim será o Natal da Elsa.
Mais um Natal sem espírito e alma.
Vazio de amor.
Vazio de tudo.
Mas todos estarão bem vestidos e com textos pseudo-montados para fazerem conversa durante horas.
Será uma casa cheia.
Mas vazia de amor.
Sei. Se sei.