Entrevista: Nita Domingos

Não é surpresa para ninguém que sou completamente apaixonada por ti minha querida Nita Domingos.

Pela tua pessoa. Pela tua energia. Pelo teu amor à vida.

És a minha Rainha e já tinha assumido esse amor aqui.

És das pessoas mais inspiradoras da minha vida e tenho uma sorte colossal em te ter na minha vida.

E não podia começar a rubrica das entrevistas no meu blogue com outra pessoa, senão contigo.

Quero falar com pessoas reais, com inspirações reais, por isso, MUITO OBRIGADA por teres aceite o meu convite.

 

Empresária, escritora, oradora, irmã-mãe responsável, filha dedicada, neta apaixonada, amiga extraordinária, forte presença em projectos de solidariedade e mais umas mil coisas.

Nita, tens a certeza que o teu dia só tem 24horas? Conta-me tudo! Como são os teus dias?

São uma anedota. Porque nunca tenho grande previsibilidade. Mas é mais ou menos isto: Acordo às seis, seis e pouco. Tomo o pequeno almoço com o meu irmão. Começo a trabalhar às sete, por exemplo hoje tinha que ser ainda mais cedo, não tive tempo de secar o cabelo, cheguei ao escritório e enquanto fazia transferências e tabelas a minha assistente secava-me o cabelo.

Depois saí para os bancos, para reuniões. Terças e quintas tenho tratamentos de saúde. Perco duas horas nisso e volto ao trabalho.

Por vezes, e este ano faço mesmo questão disso, almoço ou lancho ou janto com amigos.

Podes-me apanhar a sair do escritório às seis e volto às nove. Ou saio por exemplo às oito.

Eu adoro trabalhar. É importante frisar isso. Não gosto de andar sempre em stress com muitas preocupações mas gosto de trabalhar, produzir, crescer.

Mas por exemplo, estou a trabalhar e um amigo precisa muito de mim às dez da manhã, eu vou logo, vou com iPhones e cadernos e tudo, mas vou a trabalhar mas a conseguir estar ou então compenso depois.

As minhas pessoas estão acima de tudo. E lá está se eu sair do escritório às onze da manhã os meus patrões não ralham. Se eu precisar de ir ver amigos ao hospital ou lá ficar eu vou. Essa é a parte boa de trabalhares por conta própria. A parte má e que além de cair tudo em cima de ti, tens muitas responsabilidades, às vezes trabalhas o fim de semana, fazes quase directas e essas coisas.

Mas também tens fases mais calmas, em que simplesmente fazes o teu trabalho. É extremamente importante: FOCO.

Depois além das empresas, gosto e preciso escrever, então numa parte algures do dia arranjo tempo para isso. Como não conduzo, porque infelizmente não posso, quando vou no carro aproveito para responder a mails, escrever no blog, responder a entrevistas (como agora.)

Importante deixar claro: tenho comigo a trabalhar uma equipa de sonho, essencialmente aqueles que trabalham directamente comigo. Sou muito exigente, mas sou a primeira a reconhecer positivamente um bom trabalho.

Sábados: a melhor coisa não ter de me levantar muito cedo. Acordo nove e tal. Tomo um bom pequeno almoço. Geralmente de manhã ainda vou ao escritório mas tento não passar lá dia todo e da parte da tarde vou lanchar com amigos ou assim.

Domingo: Raramente trabalho de manhã-

A partir das 16horas vou preparar a semana e acabar algo pendente para não começar a segunda logo com muito stress.

Este ano é mais ou menos isto, no ano passado viajei muito, mas mesmo muito. Em trabalho e em reencontros muitos rápidos. Agora só quero desfrutar da minha paz e de momentos com qualidade com as pessoas importantes para mim.

Uma vez uma amiga, disse-me que eu não conseguia estar, que andava sempre num rodopio, e isso fez-me pensar e acalmar também.

 

Não querendo dar mais relevo que tu própria dás à tua doença, fala-me como é a tua vida desde que te foi diagnosticada neurofibromatose tipo II?

O que mudou? Como te adaptas diariamente a essa realidade?

Nem penso muito nisso. Eu sempre me lembro disto. Acho que a doença já nasceu comigo. Tivemos umas lutas graves mas acho que agora nos damos bem.

Claro, já todos sabemos, deu-me muito sofrimento, tirou-me a audição, a visão de um olho e mil coisas. Tenho infecções constantes, etc. Mas aprendi a lidar com ela. Não me tirou a minha independência, a minha liberdade, a minha felicidade. Só peço que não me dê muitas dores, aquelas dores a sério que te levam ao desespero e não me leve o pouco que tenho: a visão de um olho que é olho e ouvidos (faço leitura labial).

 

Sei que já te devem ter feito muitas vezes esta pergunta.

Tens medo? Tens dias que por segundos és atropelada pelo medo do desconhecido?

Tenho medos. Mas faço de tudo para os derrubar. Tenho muito medo de não ter aproveitado a vida enquanto podia, tenho medo da exaustão e tenho medo de deixar algo por dizer ou fazer por alguém que amo. Mas todos os dias faço algo para contrariar esse medo, todos os dias é esse medo que me levanta a coragem.

Tenho medo de perder a visão, mas não penso muito nisso. Por isso acho que eu e o medo estamos também bem resolvidos. Eu todos os dias para ser livre, tenho de o encarar.

Imagina viajar sozinha nas minhas condições para outro lado do mundo, tenho medo, mas adoro derrubá-lo e por isso vou, chego e faço. Às vezes caio, logo me levanto. Coisas da vida de todos nós, não é?

 

Já algumas vezes sentiste discriminação?

Como lidas com isso?

Já. Mentir-te-ia se dissesse que não. Sempre vi dedos apontados, sempre tive de dar o dobro para acreditarem no meu trabalho porque “a menina tem uma doença mas até é inteligente”. Ai não tenho muita paciência sabes? A minha doença não é falta de inteligência, não há qualquer relação. Mas as pessoas adoram isso. Repara eu tenho uma doença, mas tenho uma vida de sonho, sou tão abençoada que é meu dever andar aqui a aprender, a crescer, a fazer…

Também não ligo à discriminação, afinal ela é a opinião formada dos outros, e isso não me diz respeito, verdade? Por isso, aceitar e seguir. Ah e virar a cara ou dizer olá quando estão fixamente a olhar para ti.

 

Como imaginas a tua vida daqui a 5 anos?

Como já introduzi em cima, em 2015 vivi como se não tivesse outro ano. Vivi a sério com tudo o que isso implica: foi o ano em que fraquejei e em que venci. Fiz tantas surpresas, trabalhei tanto, dei tanto de mim… Foi um ano tão intenso e imenso que agora em 2016 ainda estou de ressaca emocional. Agora quero paz, filtrei muito as pessoas, estou mais no meu canto. Sem tanta paciência para muitos filmes ou coisas vazias.

Quando me perguntas como eu penso estar daqui a cinco anos? Não faço ideia, vivo tão focada no presente, já cheguei tão longe que do que quero mesmo, pouco me falta fazer. Vejo-me feliz e realizada porque isso é essencialmente o mote para eu imaginar e escolher a minha vida até lá.

Daqui a cinco anos voltas a fazer esta entrevista e eu digo-te o que mudou.

 

Não é segredo para ti, que para além de te adorar, acho que és das pessoas mais inspiradoras que já conheci, por isso, pedia-te que partilhasses alguma frase que alguém que esteja sentado a ler esta entrevista se sinta inspirado a mudar e a correr atrás da felicidade?

Ah, tu és muito querida sabias? E eu adoro-te, sabias? A frase pequena e fácil que tu mesma introduziste indirectamente na pergunta: “SE NÃO CORRERES PELA TUA FELICIDADE E PELA TUA VIDA, NINGUÉM O FAZ POR TI. POR ISSO MEXE-TE!!”

 

Para terminar, vamos “brincar” ao mais e menos.

O que mais gostas na vida? E o menos?

O que mais gosto da vida, vivê-la! A sério! Ou seja, amar muito as minhas pessoas, fazer-lhe surpresas, ser a luz que procuram, ser um porto de abrigo, dar, dar com o coração, ler, escrever e sentir-me grata.

O que gosto menos: quando fico vazia, quando deixo que levem tudo de mim e às tantas nem sei quem sou. Não gosto de injustiças, nem de mentiras, nem estar rodeada de pessoas ingratas que não aproveitam nada da vida e só metem defeitos em tudo!

Nita Domingos

Nita, obrigada por seres TÃO TU!

O meu coração é teu.

 

 

3 Replies to “Entrevista: Nita Domingos”

  1. fernandacarvalho says: Responder

    Grande vencedora!! Es mesmo uma RAINHA!! Gostei muito de ler

  2. É de facto uma inspiração… que maravilha!

  3. Muito bom! Grande MENINA! Que nesta vida continue a brilhar…

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