Tenho uma amiga, aliás, uma grande amiga com 98 anos.
Acho que a considero a minha melhor amiga pelo tanto que me ensina, pelo tanto que me faz rir.
É certo que não faço o mesmo com ela, que faço com os meus outros amigos.
Mas já fomos à praia.
Centros comerciais é connosco!
E sangrias à beira-mar também marcham.
Mas conversar é o que nos une.
Ela é sem dúvida a pessoa mais culta de vida que conheço.
E tenho o privilégio e a sorte de ter momentos indescritivelmente deliciosos com ela.
Pedi-lhe autorização para partilhar alguns desses momentos que tanto me serviram na vida, com a intenção que sirvam a mais alguém e ela apenas me disse:
“Com certeza, mas antes… tenho que ser eu a ler.”
Então hoje vou partilhar uma conversa que tivemos há pouco tempo sentadas numa esplanada a ver o mar.
“Eu nunca me desiludi com ninguém. E olha que já vivi muito. 98 anos é muito.”
E explicou-me porquê.
Porque da mesma maneira que comete erros, que falha, sabe que todas as pessoas são assim e nunca esperou nada de ninguém.
Foi vivendo com as relações de dia-a-dia sem projectar expectativas em ninguém.
Foi vivendo o amor com base na liberdade.
As pessoas foram entrando da vida dela com a mesma importância que foram saindo.
Sem dramas ou fatalismos.
Sem exageros ou histerismos.
Diz ainda que a única pessoa que a poderia ter desiludido, seria ela própria e isso nunca aconteceu, porque não andou a perder tempo com coisas como desilusões alheias e focou-se muito no que queria e como queria ser feliz e realizada.
Considera ainda que escolheu o caminho mais tranquilo, fácil e controlável.
“Porque o comportamento dos outros não me diz respeito e nunca conseguiria controlar!”
Parece simples não é?
Levo com esta conversa e fico a pensar na quantidade de tempo (e saúde) que perco com coisas/pessoas que não valem a pena.
E parece ser muito mais simples e tranquilo que o óbvio, não acham?
Maravilhosa esta minha amiga de 98 anos.
♥
Créditos da fotografia: Freddy Castro
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