I’m feeling | Ainda chego aos 85

Foi há 12 anos que a minha vida alterou.

As idas ao médico, a realização de exames e as salas de espera começaram a fazer parte da minha vida.

E é exactamente nas salas de espera que “apanho” muitas histórias de vida incríveis.

É também nesse sítio que já me apercebi de pessoas terem recebido a mais temida notícia, mas também já presenciei caras felizes, com notícias ainda mais felizes.

Este mês o meu coraçãozinho decidiu dar um alarme, um som diferente…

Provavelmente é da emoção do mês de Dezembro ou é mesmo da emoção extrema com que vivo cada segundo.

E a minha médica, cautelosa que sei lá, mandou-lhe fazer uma batelada de exames ao meu coraçãozinho.

Então mais uma vez a minha vida passou pelos corredores e salas de espera.

Foi enquanto esperava que chegasse o médico que me ia fazer o ecocardiograma que vi um casal.

Ele visivelmente mais velho, mais abatido, fraco, muito agasalhado.

Ela, uma senhora muito arranjada, nervosa e cheia de sacos de exames nas mãos.

“Então, mas para já, está tudo bem?”

Disse ela com aquele ar positivo, mas a medo.

“Sim, agora só volto cá daqui a dois meses.”

“Mas, já marcaste?”

“Sim, marquei para Fevereiro.”

Respondeu ele e calaram-se por uns segundos.

Ele, tão bonito, com os olhos em lágrimas corta o silêncio do momento com um sorriso e diz:

“Ainda faço os 85 antes da consulta. Ainda chego aos 85.”

Ela sorriu, olhos encheram-se de lágrimas e ela encostou a cabeça no ombro dele.

E eu claro, só me apetecia abraça-los.

Não sei qual é a história.

Nem tenho que saber.

Sei que a vida me emociona.

Que a vida é um autêntico circo.

Uns dias somos como os malabaristas, outros como os palhaços que ora estão tristes ou contentes e na, maioria deles, somos como os mágicos.

Temos o dom de fazer magia nas nossas vidas.

Sei que aquele senhor fica feliz por mais 2 meses.

E sei que aquela senhora tem-lhe um amor dos grandes.

Sei que aquele ombro dele é muito mais que apenas uma parte do corpo.

É um porto, um refúgio, um encontro, um chegar a onde mais se quer.

Eu também sou assim.

Sou de ombros.

Sou de sentir que cheguei ao melhor sítio do mundo.

Sou de sentir.

 

Ah e quanto ao meu coração?

Está apenas cansado, consequências de uma fatura pesada que carrega há quase 12 anos e com som diferente.

Mas a garantia é vitalícia, por isso não estou preocupada!

Deve ser do excesso de música que lhe dou.

Ou do excesso de emoção que destilo em cada gota do meu sangue.

Não consigo ser de outra forma.

Sou assim.

Sou de sentir.

 

Créditos da fotografia: Lotte Meijer

 

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One Reply to “I’m feeling | Ainda chego aos 85”

  1. […] altura partilhei convosco que estava a viver uma fase um pouco difícil (aqui; aqui) e confesso que na primeira semana achei que iria desistir […]

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